Viajar pra quê?

A grande viagem é estar preparado para o acaso. Sair pelo mundo, por mais planejado que seja esse caminho, é estar disposto a se surpreender. E para isso é preciso preparar além da mala, além do roteiro. É preciso se abrir.

Porto Alegre

Quando eu era criança meu avô me levava até a ponte do Guaíba. Ele ouvia no rádio a hora exata que ela levantaria e ele ia até lá exibi-la para mim.
-Esta é a única cidade que tem uma ponte assim!- dizia ele orgulhoso da sua Porto Alegre.
Hoje, quando ouvimos o rádio só temos pessoas reclamando da tal ponte. Ela causa engarrafamentos. Ela está sempre estragada. Coisas deste tipo.
Mas olhando para a água e para ela quando levanta é possível ainda se emocionar com as coisas que só Porto Alegre tem. Esqueça o que dizem os jornais por um minuto e dê uma olhada na sua cidade. E, se você é de fora, visite com olhos de encantamento.
Comece pela ponte. Desça observando tudo: o cais, os navios que nunca conseguiram sair, as ilhas que estão pelo caminho. Observe os grafites no Muro da Mauá. Aí você terá duas opções:
1- entrar no cais para dar uma volta de catamarã e ver a cidade pelo ângulo do Rio. Com suas casinhas penduradas e coloridas, com suas ilhas que dá pra ver bem de pertinho, com suas águas que cada dia tem uma nova cor.
2-seguir pela Mauá  e passar pela Usina do Gasômetro. Dê uma paradinha para observar a estátua da Elis Regina. Depois siga até o Parque Marinha do Brasil. Observe o pôr-do-sol, se essa for a hora, ou siga pelo Beira-Rio, com sorte verás as luzes acesas transformando o estádio numa maquete do sol na terra, vá até o Museu Iberê Camargo. Entre para conhecer este artista  e espie as janelinhas que mostram uma Porto Alegre bem bacana. Você verá que ela é única e especial. Basta saber olhar.
Depois ligue para algum jornalista e o convide para ver a cidade assim.  Com certeza ele também verá as coisas que só Porto Alegre tem.
Essa obra é do artista Vasco Prado e está na frente da Assembleia, no Centro da cidade. Tiradentes é seu nome e tem três bocas pra gente se lembrar que devemos falar o que pensamos sempre, mesmo que ninguém pense como a gente.